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Autores:
Diretor-Executivo,
Sustainable Shipping Initiative
Head de Comunicações, Sustainable Shipping Initiative
O transporte marítimo enfrenta grandes desafios globais: de um contexto social variável e econômico volátil ao aumento da demanda por transparência dos clientes aos investidores, da crise climática à necessidade de uma rápida descarbonização. Esses desafios, que deverão afetar profundamente o transporte marítimo nas próximas décadas, trazem oportunidades com impacto positivo em toda a cadeia de valor desse modal – da redução de emissões a inovadores modelos de financiamento sustentáveis, maior transparência e melhores oportunidades de emprego.
A Sustainable Shipping Initiative (SSI) passou a última década trabalhando rumo a um setor marítimo sustentável por meio de colaboração intersetorial. Abrangendo toda a cadeia de valor do transporte, os membros da SSI são ambiciosos armadores e fretadores, portos, estaleiros, fornecedores de produtos, equipamentos e serviços marítimos, bancos, provedores de financiamento e de seguros de navios, sociedades classificadoras e organizações sem fins lucrativos de sustentabilidade. Acreditamos que nenhuma organização pode enfrentar os desafios de sustentabilidade do transporte marítimo sozinha, mas cada stakeholder tem um papel a desempenhar – seja como armador ao encomendar um navio que opere com combustíveis de emissão zero, um banco que financia pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias ou um fretador que busque garantir que toda a sua cadeia de valor esteja alinhada aos seus objetivos sociais e ambientais –, e parcerias são essenciais para o sucesso.
O roteiro para um setor de transporte marítimo sustentável é um recurso para stakeholders em toda a cadeia de valor do transporte marítimo que oferece orientação prática ao estabelecer marcos para o enfrentamento dos desafios de sustentabilidade presentes e futuros. Por meio de seis áreas de visão que abrangem diferentes aspectos do transporte marítimo sustentável, ele fornece um mecanismo por meio do qual os stakeholders podem direcionar esforços e revisar o progresso feito.
Atualmente, três questões principais de relevância para o transporte marítimo em que a LDC pode alavancar sua posição e fazer parceria com outras pessoas para promover práticas sustentáveis são descarbonização, trabalho e direitos humanos dos trabalhadores marítimos e cadeias de fornecimento transparentes e responsáveis.
Criar uma dinâmica no âmbito da descarbonização apresenta um desafio e uma oportunidade para o setor naval. Por um lado, mostra que a navegação pode se unir para resolver um problema comum, tanto por meio de compromissos individuais quanto de ações coletivas, como a Sea Cargo Charter e a Getting to Zero Coalition. Ao mesmo tempo, a ação não veio de um único grupo, mas de grupos diferentes – reguladores como a Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), proprietários de carga cujas emissões totais da cadeia de valor estão sob análise, stakeholders financeiros que procuram alinhar seus portfólios aos objetivos do Acordo de Paris e outros.
No entanto, devemos ter cuidado ao analisar a descarbonização por meio de uma lente focada principalmente na redução das emissões durante as operações de transporte. As emissões do ciclo de vida completo (well-to-take) em toda a cadeia de fornecimento de combustível já são familiares para a LDC em suas cadeias de fornecimento terrestres, e é preciso aplicar esses princípios aos combustíveis e tecnologias marítimos, garantindo que descarbonizaremos não apenas rapidamente, mas de forma sustentável.
Além disso, questões de sustentabilidade relativas a combustíveis com zero carbono, assim como relacionadas a trabalho, direitos sociais e humanos, mudanças no uso da terra, segurança e outros, precisam ser levadas em conta ao pesquisar, investir e aumentar a escala dos combustíveis com carbono zero do futuro. Não há solução mágica para descarbonizar a navegação. A produção de combustível é complexa, e a contabilização das emissões well-to-wake do combustível marítimo requer ampla colaboração intersetorial – entre outros com afretadores, como a LDC, que são capazes de assumir um papel de liderança e alavancar seu conhecimento das cadeias de fornecimento terrestres e de transporte marítimo.
Rastrear, abordar e mitigar riscos de direitos humanos e trabalhistas em toda a cadeia de fornecimento não é novidade para a LDC. No entanto, falta orientação clara quando se trata de marinheiros e outros trabalhadores marítimos e, à medida que os afretadores trabalham cada vez mais para garantir a sustentabilidade em suas cadeias de fornecimento, as lições aprendidas em terra devem ser aplicadas às embarcações que transportam suas cargas.
A pandemia da Covid-19 trouxe à tona os riscos trabalhistas e de direitos humanos enfrentados pelos trabalhadores marítimos, muitos dos quais permanecem presos no mar devido a restrições nas trocas de tripulação. Mas esses riscos não são novos. Casos de abandono ou retenção de embarcações que deixam tripulantes a bordo sem pagamento ou alimentação regular por meses (ou até anos), taxas de recrutamento e regimes de fiscalização e inspeção fracos são as principais preocupações para os direitos desses profissionais.
Devido à natureza do setor, pode haver uma distância significativa entre a tripulação e os proprietários de embarcações, afretadores e operadores, o que aumenta as vulnerabilidades e reduz a fiscalização. Ao assumir a responsabilidade por si mesma e por aqueles com quem trabalha, não apenas pelos navios que transportam cargas da LDC, mas também pelo trabalho e pelos direitos humanos daqueles a bordo, a LDC pode liderar o caminho exigindo e implementando a devida atenção aos direitos humanos que aborde questões essenciais como inclusão, termos de emprego justos, níveis mínimos de tripulação, bem-estar da tripulação e saúde mental, entre outros.
Para reunir tudo isso, o trabalho feito para garantir cadeias de fornecimento sustentáveis e transparentes precisa levar em conta as embarcações que transportam a carga da LDC, o combustível que essas embarcações queimam (e sua produção), as pessoas que trabalham a bordo e ao redor das embarcações, os mares e oceanos em que navegam e muitos outros fatores.
Empresas como a LDC precisam monitorar e agir em uma gama de questões relativas à sustentabilidade, governança e outras em suas cadeias de fornecimento. Sua supervisão e influência ao exigir comportamentos, ações e compromissos responsáveis e sustentáveis de fornecedores, parceiros e outros participantes do setor – tanto no setor marítimo quanto em outros setores – não devem ser subestimadas.
O envolvimento com iniciativas que colocam em evidência a demanda e o compromisso com a transparência, como a Iniciativa de Transparência na Reciclagem de Navios, mostra que a LDC consegue fazer conexões em termos de sustentabilidade, explorando áreas de preocupação em fatores sociais, ambientais e de governança além daquilo que se espera dos afretadores, bem como mitigar os riscos da cadeia de fornecimento ao mesmo tempo em que impulsiona a sustentabilidade no transporte marítimo.
Ao liderar dando o exemplo e inspirar outras pessoas a agirem de forma responsável e proativa, a LDC pode alavancar sua posição de liderança para promover a sustentabilidade marítima – não apenas fazendo a coisa certa para si mesma, mas influenciando outros a elevarem o padrão em todo o setor.
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