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Autoras:
Head de Desenvolvimento de Negócios Sustentáveis, ESR
Originadora EMEA, Núcleo Verde & Sustentável do Natixis
As mudanças climáticas e a perda de capital natural estão entre os desafios mais prementes que nossa sociedade global enfrenta, e a ciência ambiental mostra que é necessária uma ação urgente por parte de todos os stakeholders para construir um mundo mais sustentável. No Natixis, reconhecemos que o setor financeiro tem um papel importante a desempenhar na transformação da economia. Nós nos comprometemos a alinhar nossas atividades bancárias ao objetivo do Acordo de Paris sobre o clima (limitar o aumento da temperatura a bem menos de 2°C, empenhando-nos para o nível de 1,5°C, em comparação com a era pré-industrial), mobilizamos todas as nossas linhas de negócios para proteger a biodiversidade e temos o compromisso de ajudar nossos clientes em todos os setores a alcançar a transição para modelos de baixo carbono e resilientes ao clima por meio da inovação de produtos.
Para monitorar a trajetória climática de nosso balanço e acelerar nossa oferta de financiamento sustentável aos clientes, desenvolvemos uma ferramenta exclusiva denominada Green Weighting Factor (GWF, ou Fator de Ponderação Verde). A ferramenta inclui (i) uma metodologia abrangente para avaliar o impacto ambiental e o risco de transição climática de cada linha de financiamento, usando uma abordagem de ciclo de vida e resultando em uma classificação ambiental (em uma escala de cores de sete níveis de marrom a verde), e (ii) um mecanismo interno de alocação de capital que vincula o montante de capital interno destinado a cada operação ao seu nível de impacto positivo ou negativo nas mudanças climáticas e outros impactos ambientais relevantes.
Ao utilizar um ajuste favorável ou adverso aos ativos ponderados pelo risco, a ferramenta GWF adapta o retorno esperado de cada operação em função do impacto ambiental do objeto a ser financiado (projeto, ativo, commodity, corporativo). Assim, ela incentiva as soluções de financiamento com maior impacto positivo (operações “verdes”) e penaliza o impacto negativo (operações “marrons”). Com a GWF, o Natixis tornou-se o primeiro banco a gerenciar ativamente o impacto climático de seu balanço de forma granular e sistemática. A metodologia de classificação GWF foi finalizada em 2019 para todos os setores financiados pelo Natixis, incluindo a Alimentação e a Agricultura, e posteriormente implementada nos processos do banco para todas as linhas de negócio.
A agricultura está intimamente ligada às importantes questões de sustentabilidade que o mundo enfrenta hoje, uma vez que o sistema alimentar global é responsável por aproximadamente 26%1 das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). E a necessidade de alimentar a crescente população mundial está se tornando cada vez mais desafiadora, visto que a agricultura está em risco devido às rápidas mudanças climáticas. Além disso, práticas agrícolas insustentáveis e mudanças no uso da terra podem ameaçar ainda mais a biodiversidade e os ecossistemas locais. Finalmente, embora quase um quarto da população mundial trabalhe e sobreviva graças à agricultura, alguns pequenos produtores estão expostos a violações dos direitos humanos e têm padrões de vida precários.
Comercializadores agrícolas globais, como a LDC, beneficiam-se de uma posição central única na cadeia de valor de alimentos e agrícola, fornecendo a processadores de alimentos e tendo acesso direto a cooperativas ou produtores individuais. Eles adquirem commodities agrícolas em todo o mundo, e suas cadeias de fornecimento podem ter um impacto direto sobre o uso da terra, a biodiversidade e os direitos humanos em certas regiões. Portanto, esperamos que esses comercializadores e processadores líderes de produtos agrícolas potencializem o papel fundamental que exercem na cadeia de fornecimento para promover práticas agrícolas sustentáveis que protegem o meio ambiente e a biodiversidade, apoiem as comunidades locais e melhorem os padrões de vida dos pequenos produtores.
De acordo com a metodologia GWF, do Natixis, o impacto ambiental das atividades agrícolas e do processamento de alimentos é avaliado a partir de uma combinação de vários critérios ao longo da cadeia de valor alimentar: primeiro, uma avaliação da contribuição efetiva de cada produto para um sistema alimentar sustentável, levando em consideração as restrições nutricionais para uma população crescente, bem como para os limites do planeta; depois, uma medida das emissões de GEE, tanto diretas (da pecuária e uso de fertilizantes, por exemplo) quanto indiretas (da mudança no uso da terra) necessárias para a produção agropecuária, bem como os impactos da água (principalmente a captação de água doce para irrigação) e de perdas da biodiversidade (geradas pelo desenvolvimento de monoculturas e conversões de terras associadas e/ou por altos níveis de insumos de fertilizantes).
Como a GWF aplica uma abordagem de ciclo de vida, o transporte desde a origem até o destino de commodities agrícolas e produtos transformados também é levado em consideração, bem como as certificações, quando aplicável. Além disso, quando aplicamos a metodologia GWF a todas as atividades de um cliente (em particular para um empréstimo para fins corporativos gerais), também incluímos na avaliação geral as divulgações da empresa, sua estratégia para a descarbonização e outros compromissos de transição ambiental, na medida em que tais elementos prospectivos são sustentados pelo desempenho passado e/ou pelos dispêndios de capital da transição de fato.
Para a Louis Dreyfus Company, esta metodologia resultou em uma classificação geral “verde claro” em 2020.
Ao longo dos últimos 50 anos, o Natixis construiu uma relação forte e diversificada com a LDC, financiando o grupo em várias geografias e apoiando diferentes linhas de negócio. Em particular, temos o orgulho de ser um dos Coordenadores Líderes Mandatários das Linhas de Crédito Rotativo vinculadas à sustentabilidade da LDC na região EMEA e o Coordenador de Sustentabilidade da linha de financiamento pré-exportação para o negócio de sucos no Brasil. Ambos os instrumentos vinculam os custos de financiamento da LDC à melhoria de seus indicadores ambientais, permitindo que a companhia alinhe seu desempenho financeiro e de sustentabilidade.
Como os tópicos relativos à sustentabilidade são fundamentais para nossas duas instituições, desenvolvemos um forte diálogo com a gestão da LDC sobre esses assuntos. Compras responsáveis e rastreabilidade, em particular, estiveram no centro de nossas discussões com as equipes de sustentabilidade e finanças da companhia nos últimos anos. Estamos convencidos de que construir cadeias de valor transparentes é um passo fundamental para enfrentar os problemas de desmatamento e erosão da biodiversidade nas cadeias de fornecimento da soja e da palma. Assim, acompanhamos com grande interesse as iniciativas da LDC nesse espaço, como seus relatórios sobre seu perfil de originação de soja, relatórios de rastreabilidade da palma, mapeamento de fornecedores e avaliações de risco, bem como informações sobre volumes certificados. Incentivamos a LDC a vincular ainda mais essas iniciativas valiosas a ferramentas de financiamento, incorporando indicadores e metas ambiciosos em suas instalações em nível de grupo para permanecer na vanguarda do financiamento vinculado à sustentabilidade.
Incentivar os produtores a adotarem práticas agrícolas sustentáveis é outra pedra angular da prevenção do desmatamento, e o programa de financiamento preferencial de longo prazo da LDC no Brasil é a chave para envolver os produtores na agricultura sustentável. Os desafios atuais do setor podem ser superados apenas se vários atores da cadeia de fornecimento unirem seus esforços – dos produtores de commodities até os varejistas com acesso direto aos clientes finais, bem como governos, ONGs, bancos e investidores. A posição de liderança da LDC permite ao grupo unir e alinhar os stakeholders no esforço de ajudar a criar um sistema alimentar global mais resiliente e sustentável.
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